.
carregar o que é
preciso no bolso
furado
ter somente
o necessário
para jogar
fora
decidir morrer
pela nonagésima
quinta vez
outro
dia
cortar
o pulso
devagar
para
fazer
charme
(chantagem)
; sem alteres
na consciência
às vezes acho
que sou livre
conec
-tado
dentro
dentro da
cadeia
fabril
roendo
unhas
rato
sentado
na
cadeira
des
cruzo as
pernas
,
digo
:
ontem
tirei
a CNH
para não
dirigir
amor sem ponto
final do poema
comunico:
às 12 horas
sairei daqui
hoje:
listar num papel
todas as atividades
necessárias para
amanhã. roteirizar
a vida
listar em outro papel
(desta vez exclame):
listar todas as atividades
necessárias para a vida!
roteirizar a vida!
aqui parece
um bom lugar
para morder
um coração
des (a)
parecer
consigo
em seguida
em seguida ir
à academia
- de letras -
trajado de alfa
beto para o chá
de cogumelo
acordar
abrir
olhos
começar
viver de
novo
pela (365 X
sua idade) vez
, não levando
em consideração
os anos bissextos
as noites de insônia
os amores eternos
desfeitos
os foras
os tombos
as horas de trabalho
escravo
os blockbusters
a cerveja quente
o vinho
azedo
o cigarro do paraguai
as internações
os livros
do mago
os desmaios
os afogamentos
os engasgos com a espinha
do peixe
as birras
as coças
os choques
elétricos
os envenenamentos
as intoxicações alimentares
o horário eleitoral
gratuito
o tancredo
o muro de berlim
as diretas
já
as provas
os testes
os exames
de HIV
os acidentes
a quase morte
os cortes
de energia
os porres
os vômitos
os vexames
as masturbações
os programas da TV
o coma
induzido
o aborto ou
a gestação
o parto
do aborto
os mass media pela metade
os programas da xuxa
o poeta
morto
os restos
as migalhas
a lavagem
cerebral
as memórias as
as memórias das memórias
as memórias que prefiro
esquecer
enviar sms:
no fim da
tarde ligar
para mim
& twittar:
diga-me que eu não estou
motivo:
escrever um poema é como se todos os outros
poemas tivessem sido deletados da realidade.
ou um e-mail
: desculpe não
posso responder
vosso e-mail
.
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6 comentários:
"escrever um poema é como se todos os outros
poemas tivessem sido deletados da realidade." é quase um control+Z
Axé mais!
exato. você tocou uma ideia interessante. desfazer e sua relação com o mundo virtual. desfazer temporariamente ...
deletar a realidade por um momento, inserir nela um poema, trazê-la de volta e compreender que o signo emitido é um dentre o incomensurável, que logo será deletado (temporariamente criando um universo paralelo) para outro poeta interferir nesse universo possível (em face do outro em inexistência momentânea) com palavras, símbolos, imagens, sons, perfomances - como se todos as outras manifestações - inclusive, claro, essa - não existisse.
depois um control+z é dado (de mallarmé!?) e o mundo segue seu destino sem destino, mas foram borrados os limites do real e da ilusão, da realidade e da virtualidade, da transparência e da não-transparência ...
Valeu pela presença!
muito bom, cara.
"aqui parece
um bom lugar
para morder
um coração"
gostei do seu blog. vou ficar por aqui lendo e mordendo corações.
tazio zambi! é noise!
poe
isi
ane
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