cheguei quando tudo & todos já haviam se dissi- pado menos a vontade insaciável de achar emoções sob as sombras frescas da noite. a lua cheia acima do mercado treme- luzia envolta por estrelas
mornas
mortas deste lado
destilado destinado ao canto do pássaro insone
apagarA
descrição
/ apagar
tudo d 1
vez? vi no céu o plano dylan: a noite + bonita & solitária de verão
desperta-a. madrugada pensa algo para. escrever q esquecerá ao acordar no máxi- mo lem- brar -se-a .havia toda pensado algas no meio do sono p escre- vê-las assim q acordas- se tivesse memória energia p lembrar
"não tenho força para lembrar, para esquecer me tem sobrado"
depois sonha computador ligado num sistema de som tocando di melo emílio santiago tim maia na frente da igreja (corta!) centenas de pessoas focadas (olhares cansados & escuros) no escritório da indústria de bens de consumo não duráveis .
decomposto a ossada na vala coletiva massacre no eldorado dos carajás, no carandirú no centro financeiro da capital chacina na candelária a arcada dentária execuções sumárias mílicias eletrochoques nos porões dopados da tortura institucional o pau de arara o homem carbonizado herzog o suicidado pelo regime militar
a fome, a fome, a fome o lixo, o lixo, o lixo, os carros, os carros, e os corpos, corpos, corpos e os porcos, porcos e os sistemas político-eco- nômicos, nomes, nomes
voltar tinha um preço mais alto do que tudo o que já havia juntado maior do que havia tido & do que conseguiria dali para a eternidade justamente porque se recusava à repetição maquinal da existência estruturada no acúmulo de papéis, assinaturas , amores & diplomas demitiu-se de si mesmo ; agora cristo despregado pode sonhar de graça embora a carteira vazia sinta por vezes fome do fruto podre do acúmulo fedorento & ilusório das propagandas. resta só. identidade sem fotografia
"cala-boca" diz com a boca torta julgas ter moral p/ censurar? não importa! não sabe ela mesma se calar a hiena espera/ansiosa a carniça o poetexburguês - cronista social sem imaginação - mira seus sapatos querem encher -te de culpas ar- rancar o q tens de natural ex- tirpar vc de vc es- peram-na es- tereótipo ; não encontram nada q os reflita além do espelho "cala a boca" escuto-lhes dizerem en- quanto vc fala com o vira-latas confundem tua inocência com "falta de cultura" pura tú és pura cochicham inocentes crianças com sono & cigarros no vão dos dedos duros vão para casa antes de dionísio chegar da chuva & do sol "30 anos esta noite" querem-me bem culpado; amar - gurado; vi- vo ou suicida amanheceu as dores no corpo são danças liberdade: ins- tantes transi- tórios ilusão de passagem destino incerto é certo o criminoso volta ao lo- cal do crime a noite passada está morta & não foi você quem a matou; foi eu. a culpa é toda minha. desculpa