01 março 2010

Eu não acredito mais em fantasmas

você surge como um fantasma & desaparece como uma paixão

e eu?

cheio de viciados & vícios
saio do bar domingo
como que de um velório
vou reto
                  na frente do meu próprio cortejo]

um cigarro me fuma,
as pernas levam

meu corpo

meu cérebro

pensa

como um morto pelos lados silenciosos do cemitério (necrófilo?)

Ah! São tantos os pensamentos que ocorrem
em torno destes muros brancos chapiscados
do cemitério mas garanto-lhe que um deles é:

"a única pessoa que você vai encontrar ali & àquelas horas é

(enquanto ouve o ruflar plástico das asas de um morcego boêmio)

você mesmo".

Na minha cidade tem mais mortos do que vivos

dentro & em torno

destes muros brancos chapiscados do cemitério;

a única coisa que vai te seguir por ali àquelas horas é

(enquanto sente o mais frio instante
do verão mais quente do século)

a poesia

também morta

& o gato rajado pensa que
o gambá é um rato gigante
assim como eu & ele também

2 comentários:

Nothing and All disse...

Gostei bastante desse.

Anônimo disse...

Belas palavras e bem colocadas. Jeito diferente de se mostrar. Gostei bastante.