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há um ninho de morcegos no forro do meu quarto
que se agitam quando a tarde entra pela porta e
invade os cantos escuros, calados, da velha casa
achei que fossem pássaros
acendi a luz, silenciaram
do lado esquerdo do colchão não tem ninguém
& na verdade tem:
pequenos troços secos de morcegos
há um ninho de morcegos dentro da minha cabeça
quando chego
do trabalho
tenho raiva
dos morcegos
ponho um filme de Pasollini
os escuto gritando por dentro
abaixo o volume
sinto cheiro de pinho sol e solidão. Só o vento bate na porta; às vezes velhos sapos perdidos se debatem tarde da noite no alpendre como humanos querendo entrar
nem parece que
há morcegos lá
no teto morno.
do lado esquerdo
............ da cama
não tem ninguém
na verdade tem:
pequenos amores cegos diurnos
pequenos amores cegos
pequenos amores
pequenos
quando chego tenho medo do medo
ninho de
morcegos
no forro
do quarto
pensei em gatos
acendi a luz,
nenhum miado
do lado esquerdo do
colchão não tem ninguém
na verdade tem:
um ninho humano no quarto do forro dos morcegos
pensei à noite que fosse
um rato. Armei a ratoeira,
caçei uma paranoia mamífera
peluda, a boca espumando
louca
de raiva
os morcegos continuam a cantar:
o amor é cego como um morcego que voa logo cedo contra
o sol em direção ao silêncio do quarto cheio de seu sangue
frio
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13 julho 2010
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